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Não roubamos, só queremos fazer barulho, diz hacker brasileiro


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1734350-1541-atm17.jpg Temos que usar as ferramentas disponíveis para protestar, diz 'ploks'

Foto: Drwxr/Divulgação

Rafael Maia

Na tarde da última quinta-feira, o site da Câmara dos Deputados saiu do ar e permaneceu offline durante pelo menos sete horas. A informação oficial é de que problemas técnicos derrubaram o site, mas o grupo de hackers Drwxr afirma que a página do governo saiu do ar em uma ação promovida por eles. Um dos integrantes do grupo conversou com o Terra e disse que a intenção era protestar contra a votação para o aumento de 61,8% do salário dos deputados.

Para ele, que se identificou como 'ploks', a ação do Drwxr se justifica porque "é necessário começar a abrir o olho e protestar contra atos políticos com os quais não concordamos" usando as ferramentas que estiverem disponíveis. Outro aspecto importante do hacktivismo é dar a perceber quão vulneráveis são os sites que abrigam dados importantes para o País. "Não roubamos informação, só queremos fazer barulho", afirmou.

Confira abaixo a entrevista com 'ploks', um dos integrantes do grupo hacker Drwxr:

Como foi formado o Drwxr?

O grupo nasceu em 2002, com um propósito bem diferente do que ele tem agora. Hoje, protestamos. Na época, nós queríamos somente mostrar que conseguíamos invandir qualquer site que a gente quisesse. Atualmente somos em seis pessoas com idades entre 20 e 28 anos. A maior parte estuda e trabalha com segurança de rede. Quando o grupo surgiu, tínhamos mais pessoas, inclusive alguns 'gringos'. Durante algum tempo o pessoal se dispersou, mas nunca perdeu totalmente o contato. Alguns saíram, seguiram suas vidas, mas os integrantes atuais são basicamente os mesmos do início.

Qual era a intenção ao invadir e derrubar o site da Câmara?

Era fazer barulho, só isso. Achamos a votação para o aumento salarial dos deputados rídicula e absurda levando-se em conta a realidade do País, e quisemos protestar. Como eu disse, várias pessoas podem pintar a cara, fazer passeatas nas ruas. Por exemplo, um modo de fazer isso seria juntar cinco mil pessoas e interromper o trânsito da Avenida Paulista durante um tempo. As pessoas não estariam destruindo a cidade, mas, sim, chamando a atenção para uma causa na qual é preciso prestar atenção. O nosso jeito é esse: interromper um site. Não queremos roubar informação nem mexer na estrutura do site. Queremos protestar contra uma coisa que está errada e queremos que as pessoas saibam disso.

Um grupo de seis pessoas derrubar um site do Governo soa um pouco surreal...

Mas não é. A questão é o modo como atacamos. Ele é DDoS, sigla para ataque de negação de serviço distribuído. É como se várias máquinas mandassem, ao mesmo tempo, uma série de formulários de identificação e informação para um determinado site e ele não desse conta de todos e caísse. É simples e evidencia um problema muito maior, que é o da vulnerabilidade desses sites, que, teoricamente, deveriam ser seguros, já que contêm informações importantes para o País.

Os ataques feitos pelo Drwxr acontecem só no Brasil?

Não. A gente já atuou no mundo inteiro. No final de 2003, nossa primeira grande ação foi invadir 13 vezes o site da Nasa durante a Guerra do Iraque. Isso para ter uma noção de quão vulneráveis esses sites são. Não estávamos preocupados, na época, em protestar contra a guerra. A gente queria entrar no site de uma instituição do governo dos Estados Unidos e postar um vídeo da CNN de soldados americanos torturando cidadãos iraquianos para mostrar a vulnerabilidade deles.

Vocês já invadiram outros sites do governo norte-americano?

Eu invadiria qualquer site em menos de cinco minutos. Sobre o governo norte-americano, tudo o que eu posso te dizer é que não é difícil. É bastante provável que conseguiríamos, se tentássemos. Quando invadimos o site da Nasa, a gente teve acesso a um monte de documentos e informações confidenciais, mas não quisemos fazer como o Assange fez agora e divulgar. Nosso propósito era outro.

Falando no Assange e no WikiLeaks, você acha que o caso da Câmara acabou ganhando mais visibilidade por causa do que está acontecendo com o WikiLeaks?

Estou falando de uma ciberguerra, de verdade. É uma tendência muito grande. A gente faz isso há mais ou menos oito anos, lógico que mais em alguns períodos do que em outros. Só que é óbvio que a queda do site da Câmara teve uma repercussão maior por causa do WikiLeaks. Mas a nossa preocupação é fazer com que as pessoas abram os olhos para os problemas que afetam a nossa vida. A gente apoiou o WikiLeaks, aliás.

Vocês foram um dos grupos de hackers que participaram dos ataques do Anonymous no movimento pró-WikiLeaks?

Sim, claro. O movimento não tinha liderança, qualquer grupo de hackers que quisesse entrar poderia. Estavam todos convocados. Você não precisava se identificar nem avisar a um comando que você iria participar. Se você concordasse com a causa defendida, você ia e participava. Ao todo, foram cerca de dois mil hackers espalhados pelo mundo inteiro.

O grupo não tem medo de a opinião pública se voltar contra por relacionar esses atos a algum tipo de vandalismo na web?

Não, de maneira alguma. O que nós fazemos não é vandalismo, e não há motivo para ser encarado desse jeito. Pra mim, nossa ação de invasão do site da Câmara é totalmente legítima.

Vocês pretendem continuar com este tipo de ação como o do site da Câmara?

Sem dúvida, isso vai continuar. Sempre que alguma coisa ridícula acontecer na política com a qual não concordamos, por exemplo, a gente vai protestar. E esse é o nosso jeito. Nossa ação hoje é puramente hacktivista. Não roubamos informação, só queremos fazer barulho. Além disso, a gente invade pelo benefício da sociedade. Estamos tentando ajudar o Brasil, o País em que a gente mora. Ao mesmo tempo, queremos mostrar a importância de priorizar a segurança na rede, porque a maior parte dos sites tidos como muito

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