Reginaldo SanTana™ Postado Junho 3, 2011 Compartilhar Postado Junho 3, 2011 Você sabe quais são os principais fatores que deixam o abastecimento do mercado brasileiro lento? Então conheça o longo processo que separa as fábricas das nossas prateleiras. O iPad 2 chegou às lojas norte-americanas no começo de março deste ano, mas os brasileiros só puderam comprar seus exemplares no final de maio (quase dois meses depois). Essa demora na chegada dos produtos é comum, mas você já parou para pensar quais são as causas desse atraso? Se você está curioso pelas respostas, acompanhe este artigo para esclarecer as dúvidas que mais incomodam consumidores e usuários. Apesar de o foco da matéria ser a tecnologia, é importante ressaltar que todos os produtos importados passam pelo mesmo processo. Confira agora quais são os quatro fatores principais para o atraso na chegada dos produtos importados ao Brasil. Você desconfia de quais são eles? Atendimento aos mercados preferenciais Qualquer novo produto que é lançado conhece primeiro os mercados norte-americano e europeu, seguidos por alguns países asiáticos. O Brasil demora para receber os produtos por não ser considerado um mercado preferencial, devido a uma série de fatores que vai muito além do poder aquisitivo dos consumidores. Isso mesmo, a maior barreira é a tributação. Sabendo da dificuldade em ingressar no mercado brasileiro, as montadoras (como a Apple) deixam o Brasil em segundo plano. Steve Jobs já afirmou que a carga tributária brasileira é desanimadora para qualquer empresa. Logo, multinacionais preferem suprir toda a demanda dos mercados preferências. Algumas vezes, nem assim o mercado é suprido, o que nos leva a outro ponto. Limitação dos estoques Muitos aparelhos possuem os estoques esgotados antes mesmo de chegarem ao Brasil. Para corrigir isso, fabricantes alimentam os países preferenciais novamente. Nesse ínterim, os eletrônicos podem ser homologados e já se torna possível enviar os navios carregados com os produtos para o Brasil. Homologação pelos órgãos responsáveis Antes que os produtos possam ser vendidos nas lojas brasileiras, é necessário que eles passem por uma análise dos órgãos responsáveis pela fiscalização do segmento. Smartphones e tablets, por exemplo, precisam da aprovação da Anatel (Agência Nacional das Telecomunicações). Após os testes, se aprovado, o aparelho ganha o selo de homologação. Sem a homologação, os produtos não apresentam garantia de procedência, não sendo cobertos pelo código de defesa do consumidor. Consta no site da Anatel: “A certificação garante ao consumidor a aquisição e o uso de produtos de telecomunicações que respeitam padrões mínimos de qualidade e de segurança, além das funcionalidades técnicas regulamentadas.”. Além disso, a homologação garante a padronização dos aparelhos nas faixas de frequência brasileira. Como o próprio site da Anatel afirma, há equipamentos eletrônicos que podem não funcionar no Brasil, devido a frequências de sintonização ou banda (em caso de celulares). O problema é que existe uma fila de espera muito grande para a homologação, o que acaba gerando atrasos na chegada dos produtos ao Brasil. Muitos usuários buscam importações individuais para fugir dessa espera, mas esses acabam sem a proteção que é garantida pelo código de defesa do consumidor. E os games? A imensa maioria dos jogos eletrônicos vendidos no Brasil é oriunda de importações. Por essa razão, muitos games chegam ao Brasil com atraso de muitas semanas. Mesmo os que são produzidos aqui demoram mais do que o normal por causa do lento sistema de avaliação etária dos títulos. Isso acontece porque a demanda é muito maior do que o departamento responsável pela classificação pode suprir. Enquanto o DJCTQ (Departamento de Justiça, Classificação, Títulos e Qualificação) não classificar o game, ele não pode ir para as lojas. Isso se soma aos outros fatores (tributação e transporte, por exemplo) para explicar o atraso na chegada dos jogos eletrônicos ao Brasil. Demora nas alfândegas Depois de alimentar os mercados preferenciais e receber a homologação brasileira, as empresas finalmente enviam os navios carregados para o Brasil. Mas se você acha que a partir desse ponto tudo fica rápido, está enganado. Depois de chegar aos portos, toda a mercadoria precisa passar por canais de fiscalização (essa parte do processo ocorre em qualquer país). Nos portos brasileiros, há três tipos de canais por onde podem passar os carregamentos. Caso o lote caia (por sorteio) no canal verde, tanto mercadoria quanto documentação são tributados de acordo com o que foi declarado pelo responsável pela carga. Nesse caso, só existe conferência da importação se algum auditor aduaneiro decidir intervir. Caindo no canal amarelo, a mercadoria será fiscalizada apenas de maneira documental. Ou seja, os fiscais da receita federal analisam as notas dos produtos trazidos e só exigem a verificação física se desconfiarem de irregularidades nas notas fiscais. Por fim, o canal vermelho representa fiscalização total dos documentos e mercadorias que estiverem no carregamento. Alguns portos contam também com o canal cinza que, além de exigir a verificação completa dos lotes, ainda pode gerar tributações extras para equiparar os preços aos dos produtos produzidos no Brasil. Problemas no sistema de transporte interno Como todos sabem, o Brasil é o maior país da América Latina (e quinto maior do mundo). Abastecer toda a extensão territorial com produtos importados não é algo fácil. Por muitos anos, o transporte de mercadorias foi limitado aos portos e ferrovias, mas hoje o principal sistema utilizado no país é o rodoviário (ou seja, as estradas). Mas você já pensou nos custos do transporte por rodovias? Além dos combustíveis, existe a questão das distâncias percorridas, manutenção constante dos veículos castigados pelas estradas e também os altos valores dos seguros de cargas (devido aos frequentes desvios ou roubos de carga). Tudo isso, além de encarecer o serviço, ainda atrasa o abastecimento, somando mais um fator à fórmula que explica os motivos da demora da chegada dos produtos importados às lojas brasileiras. Esses são os principais motivos para que os produtos demorem mais do que o normal para chegar ao mercado brasileiro. Crédito : Renan Hamann Citar Link para o comentário Compartilhar em outros sites More sharing options...
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