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Na hora do pânico, ninguém pensa nos outros", diz sobrevivente

Foi um sinalizador que fez o teto arder em questão de segundos. Ana Paula Muller conseguiu escapar antes de que o fogo e a fumaça consumissem, neste domingo, uma boate no Rio Grande do Sul, durante uma festa de universitários. Mas viu um amigo morrer. "Estávamos muito perto do palco e vimos tudo desde o começo. Foi um sinalizador que o vocalista soltou, atingiu o teto e deu início ao incêndio. Foi tudo muito rápido", descreveu a sobrevivente da tragédia na boate Kiss, localizada na cidade de Santa Maria.

Emocionada, a estudante de engenharia civil, 19, conversou com a agência de notícias AFP e lembrou como abriu caminho entre a multidão apavorada. "Mais ou menos na metade, olhei para trás e estava tudo preto por causa da fumaça. Caí, mas consegui me levantar, e fugi. Vi pessoas caírem, mas, na hora do pânico, ninguém pensa nos outros." "Um amigo que estava conosco conseguiu sair, mas teve uma parada cardíaca e não resistiu. Também perdi outras pessoas que conheço da faculdade", lamentou a estudante.

O amigo de Ana Paula está entre os 231 mortos deixados pelo segundo pior incêndio já registrado no Brasil. O grupo sertanejo Gurizada Fandangueira se apresentava na boate Kiss, quando ocorreu a tragédia.

Rocheli Brondani também é uma sobrevivente. "Olhei para o teto e vi que havia um incêndio, foi tudo muito rápido. Eu dizia que o teto estava pegando fogo, mas ninguém acreditava, ninguém me dava atenção. Saí correndo, não ajudei nem a minha amiga, não olhei para trás, e consegui sair."

A universitária, 23, lembrou que, na porta, os seguranças "não entendiam o que estava acontecendo. Achavam que se tratava de uma briga, e, depois, perceberam que era um incêndio". "Vi pessoas feridas, vomitando, minha amiga foi pisoteada, mas sobreviveu. Ela contou que, quando estava perto da porta, as pessoas começaram a cair umas por cima das outras. Ela se segurou em outra pessoa e conseguiu sair", descreveu Rocheli, aluna de engenharia civil da Universidade Federal de Santa Maria, onde estudava a maioria dos jovens que participavam da festa, segundo o vice-reitor, Dalvan Reinert. "No começo, não parecia tão horrível. Quando consegui sair, estava mais tranquilo, só havia gente se empurrando, mas, depois, ninguém conseguiu sair", lamentou Rocheli.

fonte: AFP

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